O Brasil teve um aumento de 21% em infecções pelo vírus HIV no período de oito anos.
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Os dados são do Unaids, programa da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre HIV/Aids.
O relatório anual comparou dados de 2010 e 2018. No geral, a América Latina teve aumento de 7% dos casos. Se os dados do Brasil não fossem computados, a região teria queda de 5%.
O pior desempenho na América Latina foi do Chile, com aumento de 32% no período, seguido pela Bolívia com 22%. A Costa Rica empatou com o Brasil com 21%.
Ainda com aumento de casos em oito anos aparecem Uruguai (9%), Honduras (7%), Guatemala (6%) e Argentina (2%). O México não teve variação no período.
Na outra ponta, El Salvador teve expressiva diminuição do número de infecções pelo vírus, 48%. O país centro-americano é seguido por Nicarágua (29%), Colômbia (22%), Equador (12%), Paraguai (11%) e Panamá e Peru, com diminuição de 8% cada um.
"Na maior parte dos casos, países com território maior têm performance pior do que vizinhos regionais menores", afirma o relatório.
Segundo O Estado de S.Paulo, especialistas avaliam que um dos motivos do péssimo desempenho do Brasil é a demora do país em se adaptar à tecnologia dos testes rápidos. Falta de políticas públicas para grupos mais vulneráveis, como de gays e transexuais, também é apontada como outra razão.
"Em 10 anos, os casos de HIV mais do que dobraram na faixa entre 20 e 24 anos no Brasil. As campanhas e ações não alcançam as mudanças geracionais, os novos comportamentos", criticou o professor Mário Scheffer, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), à reportagem. Ele classifica como "inaceitável" o desempenho do País. "O Brasil tem sustentado uma tese meio ilusória de que a epidemia está controlada."
Questionado, o Ministério da Saúde preferiu focar nos avanços. A pasta lembrou que em dezembro de 2018, 85% das pessoas vivendo com HIV no País já estavam diagnosticadas. Dentre as diagnosticadas, 78% estavam em tratamento com antirretrovirais.
Por fim, das pessoas que iniciaram tratamento, o País ultrapassou a meta já que 93% estavam com carga viral indetectável.
A meta do Unaids é chamada de 90-90-90. Isto é: que 90% de quem vive com HIV seja diagnosticado; que 90% de quem foi diagnosticado com o vírus inicie o tratamento; e que 90% de quem começou o tratamento esteja com carga viral indetectável.
O ministério também afirma que houve redução no número de mortes por aids no País, de 5,7 por 100 mil habitantes em 2014 para 4,8 mortes em 2017.