Ex-Malhação se assume trans e fala da infância e depressão

Antes conhecido como Bia Damini, ator revelou que seu nome é Benjamín

Publicado em 22/09/2020
Benjamín Damini: ator antes conhecido como Bia Damini, de Malhação, se assume trans
Benjamín Damini se assimiu transexual em depoimento no Instagram

Antes conhecido como Bia Damini, o ator Benjamín assumiu-se transexual.

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Em sua página no Instagram, Benjamín publicou foto sua aos três anos de idade e uma declaração.

Em Malhação: Toda Forma de Amar, que acabou em abril, Benjamín vivia Martinha, ex-namorada do protagonista da trama, Filipe (Pedro Novaes).

O ator falou do processo de não se reconhecer como menina, de remédios que tomou, depressão que ele enfrentou até chegar aos dias de hoje.

"Aos 3 eu acreditava ter nascido no corpo errado e por muitos anos rezei antes de dormir pra acordar no dia seguinte no corpo certo, no corpo de um menino", relembrou o ator.

"Aos 4, convenci meus amigos da escola de que eu era um menino disfarçado de menina, mas ninguém além deles poderia saber. Aos 7, quando meus seios começaram a se desenvolver e eu não podia mais brincar na praia sem a parte de cima do biquíni eu chorei."

"Aos 9, quando eu menstruei eu também chorei. Foram choros intermitentes que só cessaram depois de dias. Porque eu nasci fêmea toda fêmea tem que ser menina. Foi isso que sempre me disseram. Então quem sabe seja isso mesmo. eu sou uma menina e pra sempre vou ser. Mas eu não me sinto menina. não sei nem ser menina."

"Aos 12, comecei com as explosões de agressividade com a minha família e com qualquer colega na escola que me chamava de maria-macho. Aos 13, escrevi uma história de um menino chamado Benjamin que sentia demais."

"Aos 14, veio a primeira depressão. terapia, remédios. Aos 16, arrumei um namorado, Antônio. Antônio não é o nome dele de verdade. Tipo Beatriz. Eu controlava até as roupas que o Antônio usava. Troca esse shorts porque não tá combinando com a blusa, Antônio. Aliás, não gosto dessa blusa, deixa eu escolher outra. Tadinho do Antônio. Antônio foi uma das algumas vítimas das minhas projeções de gênero inconscientes."

"A verdade é que eu queria poder usar as roupas que o Antônio usava. E eu até podia, mas tinha medo. Aos 18 comecei a namorar Ana. Ana não é o nome dela de verdade. Tipo Beatriz, mas por 21 anos esse nome fez muito sentido. Atriz. Era isso que eu era. Atriz de mim."

"Quando Ana terminou comigo, eu percebi que eu não sabia quem eu era de fato. Fui buscar. No meio do caminho esbarrei com Benjamin. Sou transexual. Não sou. Engole. segunda depressão. Mais remédios. Autoconhecimento. Mar. Vento. Deus. Oxalá. Buda. Universo."

"Aos 19, encontrei Marta. Marta escancarou minha transexualidade pra mim, de um jeito anônimo meio que rastejando pelas minhas entranhas. Eu não via. Mas eu sentia. Você precisa decorar as falas de amanhã. Não consigo. Pega papel, caneta, roteiro, estuda, decora, rabisca, apaga."

Leia o depoimento completo:

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

22 de setembro de 2020 12:02 benjamin quer te contar uma história. ele sou eu. nessa foto eu tinha 3 anos. aos 3 eu acreditava ter nascido no corpo errado e por muitos anos rezei antes de dormir pra acordar no dia seguinte no corpo certo, no corpo de um menino. aos 4 convenci meus amigos da escola de que eu era um menino disfarçado de menina, mas ninguém além deles poderia saber. aos 7 quando meus seios começaram a se desenvolver e eu não podia mais brincar na praia sem a parte de cima do biquini eu chorei. aos 9 quando eu menstruei eu também chorei. foram choros intermitentes que só cessaram depois de dias. porque eu nasci fêmea toda fêmea tem que ser menina. foi isso que sempre me disseram. então quem sabe seja isso mesmo. eu sou uma menina e pra sempre vou ser. mas eu não me sinto menina. não sei nem ser menina. não interessa. aprende. é assim que vai ser. enxuga essas lágrimas. engole esse choro. engole tudo o que te diferencia das outras meninas. engoli. comprei sutiã. sou uma menina. aos 12 comecei com as explosões de agressividade com a minha família e com qualquer colega na escola que me chamava de maria-macho. aos 13 escrevi uma história de um menino chamado benjamin que sentia demais. aos 14 veio a primeira depressão. terapia. remédios. aos 16 arrumei um namorado. antônio. antônio não é o nome dele de verdade. tipo beatriz. eu controlava até as roupas que o antônio usava. troca esse shorts porque não tá combinando com a blusa, antônio. aliás, não gosto dessa blusa, deixa eu escolher outra. tadinho do antônio. antônio foi uma das algumas vítimas das minhas projeções de gênero inconscientes. a verdade é que eu queria poder usar as roupas que o antônio usava. e eu até podia. mas tinha medo. aos 18 comecei a namorar ana. ana não é o nome dela de verdade. tipo beatriz. mas por 21 anos esse nome fez muito sentido. atriz. era isso que eu era. atriz de mim. quando ana terminou comigo eu percebi que eu não sabia quem eu era de fato. fui buscar. (continua nos comentários)

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