Últimos dias de vida de Harvey Milk são tema de espetáculo

'Eu Não Sou Harvey' fica em cartaz até 14 de março em São Paulo

Publicado em 11/02/2020
Ed Moraes interpreta o solo Eu Não Sou Harvey sobre o ativista gay Harvey Milk. Foto: Caio Oviedo
Ed Moares diz que foi processo mais desafiador de sua carreira. Foto: Caio Oviedo/Divulgação

Os últimos dias de vida do ativista LGBT Harvey Milk são temas do espetáculo Eu Não Sou Harvey - O Desafio das Cabeças Trocadas, que estreia nesta quinta-feira 13 em São Paulo.

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Sozinho no palco, o ator Ed Moraes remonta a história ao Brasil Colonial até chegar aos Estados Unidos, em 1978, quando Milk foi assassinado.

O ativista foi o primeiro homem abertamente gay a assumir um cargo público nos Estados Unidos e até hoje é considerado um dos mais importantes ativistas pelos direitos LGBT no país.

Michelle Ferreira, que assina texto e direção da montagem, revela que a proposta não foi de reconstruir de maneira factual e cronológica a trajetória de Milk.

Em vez disso, partiu-se de vários símbolos e de cenas bem dinâmicas para se traçar paralelos entre a figura do ativista norte-americano, a realidade brasileira e os processos históricos que levam a humanidade a cometer atrocidades como essa.

"Eu diria que o solo é um passeio por alguns pensamentos econômicos, científicos e históricos que permeiam os últimos séculos da humanidade", diz Michelle.

"Vivemos em um mundo complexo capitalista e temos que saber da nossa história e de onde as coisas vêm e por que elas acontecem. Então, a ideia é, através desses processos, contar por que uma coisa que parece impossível ou ridícula foi possível e se não tomarmos cuidado voltará a acontecer. E para mim era muito importante falar não apenas da vida de uma pessoa, mas dos processos históricos de toda a humanidade."

Ed Moraes conta como esse processo criativo foi desafiador para sua carreira. "Em quase 20 anos no teatro eu nunca tinha feito nada parecido. Quando Michelle chegou com esse texto pronto, eu fiquei apavorado. Quando acabei de ler tive uma crise de choro. Na hora entendi que o que tanto buscava, estava ali em minhas mãos."

"Porém, existia esse desafio, que era um mergulho de um ator dentro dos fatos vividos por Harvey, ora flertando ser ele e ao mesmo tempo com um distanciamento biográfico, pela não obrigação de interpretar o mesmo, dizendo a todo instante 'Eu não sou Harvey'. São as memórias dele. Mas são as minhas, as nossas também."

"Cada um sofreu uma violência em certo nível, tanto ele como eu, e isso dentro de mim ecoa a todo momento. Então um caminho possível era surfar essa onda vertiginosa, de a todo instante ser ou não ser Harvey, sem me apegar a cronologia. Me dedico apenas a dizer aquilo que fora minunciosamente escrito. Respeitando cada respiro, cada pontuação, cada suspensão. Nada mais importava além de compartilhar essa experiência fantástica de se contar uma história. E que história", conta Moraes.

O espetáculo faz temporada no Sesc Pinheiros de quinta a sábado até 14 de março - não haverá sessões nos dias 15 e 22 de fevereiro. Mais informações você tem em nossa Agenda clicando aqui.


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