Policial gay deixa carreira e promete contar 'todos os podres'

Morador de Brasília, Henrique Harrison ficou conhecido por denúncias de homofobia na corporação

Publicado em 05/03/2022
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Ex-policial foi alvo de comentários homofóbicos após foto de beijo no namorado

Após protagonizar um beijo gay que causou polêmica e ser vítima de homofobia, o policial militar Henrique Harrison pediu desligamento da corporação, na quinta-feira 2.

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"Isso não é uma desistência, mas uma forma de eu poder falar. Eu, na PM, não podia falar porque eu estava abraçado pelo Código Penal Militar e, tudo o que eu falava, podia virar crime", explicou Henrique à TV Globo.

Ele afirma ter sofrido discriminação e isolamento por causa da orientação sexual.

Em nota, a Polícia Militar informou que as investigações que envolviam o soldado "perderam qualquer vínculo disciplinar, pois o mesmo não faz mais parte da corporação".

Em relação às ofensas que Henrique diz ter sofrido, no ambiente de trabalho, a PM informou que "não comenta sobre decisões que ocorrem fora da esfera da administração militar, decisões essas que ocorreram na Justiça Civil".

Em janeiro de 2020, uma foto de Henrique beijando o namorado e da cabo Cely Farias beijando a namorada em formatura de novos soldados viralizou na internet.

Henrique foi alvo de comentários ofensivos vindos de integrantes da corporação em áudios que circularam pelo WhatsApp.

Em um deles, o primeiro-sargento Astrogilson Alves de Freiras diz: "O cara que é viado [sic] tem que ficar no lugar dele". Em outro trecho, afirmou: "Em uma guarnição minha, um cara desses não entra. Se entrar, já ouviu falar em fogo amigo? Vocês conhecem fogo amigo, né? Fogo amigo não é só atirar nos outros não, tem muito jeito de a gente...nós tomos já fomos plotados, nós todos já fomos sancionados durante a carreira aí".

Em 2021, por causa desse episódio, Henrique ficou oito meses licenciado para tratar depressão e ansiedade. Quando ele retornou ao trabalho, a discriminação continuou.

"Depois das tentativas claras da PM de diminuir para que eu fosse exonerado, eu mesmo fiz isso", diz.

"Eles me jogaram em um canto da corporação, pra trabalhar em um local totalmente insalubre, quando eu retornei, com restrições [médicas]. Era claro que não queriam que eu melhorasse."

À reportagem, Henrique afirmou que vai "falar todos os podres" e "buscar Justiça", com a responsabilização de homofóbicos.

"Vamos buscar os agentes que me assediaram, que abusaram do poder. Meu licenciamento não é uma desistência, é o começo de uma luta", diz ele.


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