Jean Wyllys desiste do mandato e diz que não volta ao Brasil

Deputado pelo Psol havia acabado de se reeleger e explica que teme ser morto

Publicado em 24/01/2019
Jean Wyllys desiste do mandato de deputado federal
'Como é que eu vou viver quatro anos da minha vida dentro de um carro blindado', questiona

O deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ) vai desistir do mandato e não pretende mais voltar ao Brasil.

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A revelação foi feita ao jornal Folha de S. Paulo, na quinta-feira 24. Wyllys está de férias, fora do País, e disse que pretende seguir carreira acadêmica.

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As ameaças de morte que recebe foram o principal motivo para a desistência da política.

"O [ex-presidente do Uruguai] Pepe Mujica, quando soube que eu estava ameaçado de morte, falou para mim: "Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis'. E é isso: eu não quero me sacrificar", disse.

Segundo a reportagem, também pesaram em sua resolução de deixar o País as recentes informações de que familiares de um ex-PM suspeito de chefiar milícia investigada pela morte da vereadora Marielle Franco do Rio de Janeiro trabalharam para o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) durante seu mandato como deputado estadual pelo Rio de Janeiro.

"Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário", afirma Wyllys. "O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim."

Wyllys foi eleito para o Congresso em outubro passado pela terceira vez. Ele obteve 24.295 votos. O deputado foi o primeiro parlamentar abertamente gay a levar a pauta LGBT para a Câmara dos Deputados.

Durante a última campanha, o deputado contou que pensou em desistir da candidatura. Após o atentado contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL), Wyllys fala que a violência contra ele em espaços públicos aumentou.

"Eu não era candidato à Presidência da República, mas a principal fake news me envolvia - o kit gay. Foi uma fake news produzida em 2011 e atribuída a mim", disse.

"Como é que eu vou viver quatro anos da minha vida dentro de um carro blindado e sob escolta? Quatro anos da minha vida não podendo frequentar os lugares que eu frequento?", questiona.

"Essa não foi uma decisão fácil e implicou em muita dor, pois estou com isso também abrindo mão da proximidade da minha família, dos meus amigos queridos e das pessoas que gostam de mim e me queriam por perto", explica.

Wyllys não revela onde está no momento e diz sobre o futuro: "Vou escolher um lugar onde eu possa fazer meu doutorado, que eu não pude fazer durante esses anos. Vou tocar minha vida dessa outra maneira."

Em sua conta no Twitter, Wyllys divulgou uma breve mensagem dizendo que "preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores".

 


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