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Gabriella Bueno quer ser primeira trans vereadora de São Paulo

Candidata pelo PSDB estuda gestão pública e já esteve na coordenação do Transcidadania

Publicado em 11/11/2020
Gabriella Bueno: miss transexual é candidata a vereadora por São Paulo
Candidata tucana afirma que compromisso do PSDB com cidadania LGBT é histórico

A estudante de engenharia civil e gestão pública Gabriella Bueno já tem um título, o de Miss Brasil Trans 2018, e um marco dela, ser a primeira candidata trans do PSDB à Câmara Municipal de São Paulo. 

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Agora, a luta dessa ex-coordenadora do programa municipal Transcidadania é fazer essa lista aumentar com o título de primeira vereadora trans da capital.

Para conseguir essa proeza, ela propõe inclusão no lugar de políticas públicas específicas e ações feitas em soma com o Poder Executivo.

Confira entrevista da candidata ao Guia Gay São Paulo:

O Brasil é um dos países mais avançados do mundo em direitos LGBT. E São Paulo é a cidade do Brasil com mais serviços sociais para o segmento no País. Em que acha que seu mandato pode contribuir para a cidadania arco-íris?
Eleger a primeira vereadora transexual da cidade de São Paulo será um marco, na verdade, o resultado de décadas de luta pela visibilidade e respeito a uma população que há muito tempo não é uma minoria.

Além do lugar de fala e trabalho, meu mandato, que é público, vai ser orientado pela participação dos grupos LGBT, eu acredito e conheço políticas públicas como a de formação profissional e acesso a educação para grupos mais vulneráveis, e fortalecer esses programas é fundamental.

Conheço os empreendedores e cultura LGBT, temos a maior parada do mundo, e tudo isso gera emprego, aumenta a arrecadação de tributos e fortalece a nossa cultura local. É nisso que acredito, fortalecer o que já temos de melhor.

Quem votar em você vai ajudar a eleger pessoas do PSDB. Qual o compromisso do partido com a pauta LGBT?
Quando me filiei ao PSDB, eu fui conhecer a história do partido e, estudando Gestão Pública, também fui entender mais sobre a trajetória da social democracia.

O PSDB criou o Plano de Direitos Humanos em São Paulo, inclusive foi o Mário Covas, como governador, quem o criou, e daí importantes programas foram implementados, tais como os tratamentos de saúde para pessoas trans totalmente universais e acessíveis pelo sistema único de saúde, além do uso do nome social nas escolas e a criação de canais de denúncia contra discriminação LGBT. O compromisso do PSDB é histórico!

Fora da questão LGBT, quais suas três principais propostas a população de São Paulo?
Acho que a ideia de segregar a população LGBT da população de São Paulo é a primeira barreira que a gente tem que superar, por isso uma das minhas pautas é a inclusão, e isso tem a ver com todo mundo, tem a ver com formação profissional para jovens, acesso a renda por meio de microcrédito e formação para o empreendedorismo e, sem dúvida, a saúde é uma das frentes que importam também, como no caso de acesso a tratamentos especializados para pessoas trans e pessoas com doenças raras, por exemplo.

Muitas de suas propostas tratam de determinações exclusivas do Poder Executivo municipal, tais como acesso a consultas e remédios, e atuar em programas comunitários de cuidados de praças públicas. Não é temeroso fazer compromissos que não estão sob sua alçada direta e depois não poder cumpri-los?
Pergunta ótima, porque vale a pena esclarecer esse entendimento equivocado de que a Câmara Municipal tenha essas limitações. A gestão pública, inclusive através de projetos de lei, tem uma dinâmica que acontece sempre entre Poder Executivo e Poder Legislativo juntos.

O vereador legisla sobre assuntos da cidade, isso vai desde propostas envolvendo atenção com a saúde passando, até mesmo, pela fiscalização de projetos e programas criados pelo Poder Executivo.

Assim, nada do que proponho é temerário, porque eu entendo e sei como minha responsabilidade parlamentar se organiza pela lei e pelo diálogo político. 

Você é estudante de gestão pública e tem experiência no setor, inclusive à frente do Transcidadania. Como essa vocação apareceu na sua vida? E como se vê daqui uns anos a esse respeito?
Como mulher trans, eu tive, na minha vida pessoal, um momento de transição, e na política não foi diferente, talvez por isso eu acredite que vocação não seja a palavra que defina sozinha minha competência e disposição para a política.

Junto com ela, tem a minha consciência sobre participação de mulheres na política, começando pela própria Câmara Municipal, que tem apenas oito mulheres entre 55 vereadores.

Para o futuro, confesso que me inspirei com a fala da [vice-presidente recém-eleita nos Estados Unidos] Kamala Harris, mesmo sendo eu a primeira mulher trans que será eleita como vereadora em São Paulo, eu sei que não serei a última, e sei que não estarei sozinha!

AVISO: Esta entrevista faz parte de projeto do Guia Gay São Paulo de entrevistar todos os candidatos LGBT à Câmara Municipal de São Paulo.

Todas as candidaturas recebem três perguntas iguais e duas específicas, que podem coincidir ou não, a depender dos partidos e dos perfis das pessoas pleiteantes.

Acompanhe todas as entrevistas e reportagens sobre as eleições na editoria Eleições 2020 clicando aqui.


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