Fernando Holiday diz ter sido vítima de homofobia na Câmara

Vereador foi chamado de 'macaco' e depois de 'macaca' de auditório por colega do Legislativo de São Paulo

Publicado em 05/09/2019
Vereador gay Fernando Holiday (DEM) acusa vereador Camilo Cristófaro de racismo
Holiday disse que recorrerá ao Ministério Público de São Paulo por ofensa racista

O vereador Fernando Holiday (DEM) envolveu-se em uma confusão na Câmara de Vereadores de São Paulo nesta quinta-feira 5.

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Abertamente gay, o parlamentar acredita que foi vítima de homofobia e de racismo por parte do também vereador Camilo Cristófaro (PSB).

Tudo começou na sexta-feira 30 quando Holiday foi ao talk show de Danilo Gentili, no SBT. Lá, o vereador disse que grande parte dos políticos da Casa não trabalhavam. Isso irritou Cristófaro.

"Ele [Gentili] me perguntou: 'Os vereadores na Câmara Municipal trabalham?' Eu disse: 'Não'. É uma triste realidade , mas a maioria dos vereadores não trabalham", disse Holiday, no plenário, segundo a Folha de S.Paulo.

Após revolta dos parlamentares, Holiday continuou: "Eu não estou voltando atrás na minha fala. Se vossas excelências querem que eu repita, eu repito: a maioria dos vereadores não trabalham".

No microfone, Cristófaro, então, disse: "Gostaria de falar que lamentavelmente o senhor Fernando Holiday usa das redes sociais, que ele é o grande macaco de auditório das redes sociais, que ele usa dando risada desta Casa, explodindo as redes sociais, porque a população adora ver sangue, maldade, mentira, fake, onde ele acusa os seus colegas de vagabundos".

"O vereador tem a mania de fazer xingamentos pessoais e de baixo calão", disse Holiday à Folha. "Geralmente ele faz no microfone. Desta vez foi racista ao microfone." O vereador do DEM também afirmou que Cristófaro disse que ele precisava "comer banana".

Ao mesmo jornal, Cristófaro disse: "Não vem me chamar de vagabundo. Para mim, ele é macaca de auditório do Chacrinha, que só quer aparecer. Racista? Ele diz isso para aparecer. Tenho branco, preto, índio, japonês no meu gabinete. Isso é conversa para boi dormir."

A reportagem, então, falou novamente com Holiday e o informou sobre a conversa com Cristófaro. Ele, então, disse acreditar que pode ter sido também vítima de homofobia já que foi usado o termo "macaca" ao jornal.

"Pode ter sido uma mistura de ofensas por eu ser gay e negro", afirmou. "No plenário ele me chamou de 'macaco', uma ofensa racista, que é grava por si só."

Holiday disse que recorrerá à Corregedoria da Câmara e ao Ministério Público de São Paulo. Já Cristófaro tem afirmado que pedirá a cassação de Holiday, uma vez que ele teria quebrado o decoro parlamentar por dizer que os vereadores não trabalham.

Em março de 2017, a então vereadora e hoje deputada estadual Isa Penna (Psol), que é bissexual, acusou Cristófaro de tê-la empurrado, xingado de termos como "vagabunda", "terrorista" e "cocô de galinha", e teria insinuado ameaçãs ao dizer que Isa não deveria ficar surpresa se "tomar uns tapas na rua".


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