Codeputada bissexual é expulsa de mandato sob acusação de transfobia

Feminista Raquel Marques integrava o chamado Mandata Ativista na Assembleia Legislativa de São Paulo

Publicado em 02/02/2021
raquel marques mandata ativista
"É absurda a acusação feita pela titular do mandato", alega ativista

A codeputada estadual dentro do chamado Mandata Ativista Raquel Marques foi desligada do coletivo, na segunda-feira 1º, sob acusação inclusive de transfobia.

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Em nota, o coletivo, que integra a Assembleia Legislativa de São Paulo, afirmou que uma postagem de Raquel "viola" seus "princípios éticos" e que foi compreendida como "um ataque à luta das LGBTs".

A postagem citada, que foi apagada das redes de Raquel, pedia que a esquerda tivesse a mesma indignação com as questões infantis com o que têm pelas questões trans.

"Queria que um dia o desrespeito ao direito da infância e adolescência ganhasse na mente da esquerda a mesma indignação que a transfobia causa", escreveu Raquel.

Raquel Marques: mandata coletiva

O agrupamento também coloca como razão para o desligamento outra opinião de Raquel. 

"Além disso, outra postagem, seguida de comentários irresponsáveis e caluniadoras ao jogar famílias e professores uns contra os outros em um momento de sofrimento social terrível."

Bissexual e ativista feminista há 20 anos, Raquel é fundadora da primeira ONG brasileira voltada ao combate da violência obstétrica (no parto), a Artemis.

Em sua página no Facebook, Raquel afirmou que a decisão de seu desligamento é "chocante" e que sua fala foi distorcida para acusá-la de transfobia.

"Meus colegas codeputados, a partir de uma decisão coletiva sem a minha participação (formato de decisão que nunca foi contemplado em nosso mandato) em um momento que eu estava afastada por razões médicas, me condenaram de forma oportuna sem que eu pudesse participar deste debate e desta decisão", escreveu.

"Nos posts, teço críticas ao fato de que acredito que o campo da esquerda tem olhado com pouca atenção às nossas crianças e adolescentes, que estão sendo negligenciadas de sua educação pela forma como tem se discutido a iminente reabertura das escolas nesse período de pandemia."

"É absurda a acusação feita pela titular do mandato e é lamentável que um mandato que se apresenta como defensor da democracia, do diálogo e da coletividade recorra a métodos tão autoritários por um projeto de poder."

A bancada foi eleita em 2018 com 149.844 e com oito pessoas. A responsável oficial pelo mandato é a jornalista Mônica Seixas (Psol).

A atual vereadora em São Paulo Erika Hilton (Psol) integrava esse ajuntamento. 

Atualmente, pertencem ao coletivo, além dela, quatro coparlamentares: Chirley Pankará, Claudia Visoni, Fernando Ferrari e Paula Aparecida. Legalmente, esse cargo não existe. 

Na página da bancada no Facebook, a quase totalidade dos comentários é de críticas ao desligamento de Raquel. Muitos usuários condenam a decisão e alegam que só ajudaram a eleger a bancada por causa de Raquel, que tem pauta a favor de mães e crianças.


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