Com poucos homens e sem foco, 2º Ssex Bbox lança programação

Evento será realizado junto ao 24º Festival Mix Brasil de 9 a 20 de novembro

Publicado em 17/10/2016
2º Ssex Bbox tem programação lançada com poucos homens e sem foco
Evento ocorre junto ao Mix Brasil, mas não faz jus à diversidade buscada pelo festival

Por Welton Trindade

A mira deveria ser diversidade sexual e gênero, mas a 2 ª Conferência Ssex Bbox, que ocorre junto ao 24º Festival Mix Brasil de 9 a 20 de novembro, não fez esforço para tal. A programação recentemente divulgada é cinza onde deveria ser arco-íris e exibe tintas borradas demais. 

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Enquanto o irmão Mix Brasil, um dos mais importantes de cinema LGBT do mundo, fez da diversidade um objetivo permanente, a conferência coleciona pecados: minoria acentuada de palestrantes de identidade masculina (cerca de um terço), muitos temas abertos demais ou fora do assunto da sexualidade, e a tentativa de o evento vender uma imagem que não será entregue no todo a quem se aventurar a participar.

Em um dos textos de apresentação, o coletivo responsável cita, em três parágrafos, duas vezes LGBTQIA+ e emula como tema "questões relativas ao gênero e à sexualidade fora da caixa".

Entretanto, a programação se perde "por demais". Há, por exemplo, cinco vezes a oficina Comunicação e Empoderamento, com Nancy Khan, cuja definição é "série de práticas de comunicação em dinâmicas de poder além da raça, poder e privilégio". E ainda: "Fazer a paz com a raiva".

A coleção errática continua com "Sem Pena", coprodução da Heco Produções, que trata da população carcerária do País e mostra as "entranhas do sistema de Justiça do país". E sobrou espaço para um debate sobre o vídeo. Há ainda "Integração de dualides e contradições", uma conversa para "compartilhar insights e exercícios sobre como podermos curar e integrar as separações para ter mais paz interna".

Serão nove 9 mesas de debate, 9 rodas de conversa, 13 oficinas e cursos, 3 filmes seguidos de debate e uma festa de encerramento em celebração ao Dia Nacional da Consciência Negra. Tudo no Centro Cultural São Paulo.

Há muitas atividades focadas majoritariamente no gênero feminino. Para homens, poucos exemplos e inclusões, como se quem possui identidade masculina não tivesse questões para conversar. O gosto que fica é de oportunidade perdida para aprofundar o tema original do evento e/ou de apelações para preencher tantos dias de atividades.

Entretanto, quem desejar debater sexualidade, pode pular esse prólogo e ir para os últimos dias de programação. Aí há as rodas de converas "Desconstruindo o HIV em alto e bom som", "Crianças e adolescentes trans", "Diversidade Organizacional" e "Religião e Sexualidade", por exemplo.

Destaque para a ação pelo Dia de Lembrança Transgênero #TDor, em que serão lidos nomes de trans mortas por discriminação, ao que será apagada uma vela a cada citação. Para participar de qualquer atividade, é necessário inscrever-se no site da conferência.

Procurada pela reportagem para comentar sobre a pouca escolha de homens para integrar as mesas e a programação sem foco, a organização não se pronunciou após uma semana de espera. 


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