A Globo cancelou o documentário sobre bastidores da G Magazine que já estava "quase pronto" e seria exibido em sua plataforma de streaming, o Globoplay.
Diretor do Globoplay, Manuel Belmar afirmou que "a gente decidiu fazer, a história não chegou onde a gente queria, e a gente optou por cancelar".
A fala foi dada ao site Notícias da TV durante uma entrevista do executivo a jornalistas, na quarta-feira 29, em São Paulo, para marcar os 10 anos da plataforma.
Procurada pela mesma reportagem depois para comentar se o cancelamento refletia uma mudança de postura editorial no Grupo Globo após pesquisa identificar comportamento conservador do brasileiro médio, a emissora negou.
"Não é verdade que houve qualquer tipo de censura ao documentário. O cancelamento foi decidido exclusivamente por questões artísticas, como pode acontecer com qualquer produção encomendada para nossas plataformas. A história não chegou aonde imaginávamos e optamos por cancelar."
A pesquisa é a Brasil Espelho, feita pelo instituto Quaest com 10 mil brasileiros que identificou que a maioria (96%) crê em Deus, se apoia na família, ouve sertanejo e se vê como de centro ou de centro-direita.
O levantamento foi citado pela cocriadora e editora-chefe da G, Ana Fadigas.
Ela comentou ao Notícias da TV que já tinha informação extraoficial de que o documentário "entrou em observação, entre aspas, sob censura" após a constatação do perfil conservador da população.
"Não era um documentário pornográfico. Era sobre a história da nudez masculina, a história da G Magazine, e isso não é pornográfico na minha concepção. E se tivesse nudez, era só esconder", afirmou Fadigas.
O documentário estava em produção desde 2023 e comentava-se que a estreia ocorreria este ano. Com o passar dos meses, começaram a haver rumores questionando o porquê da estreia jamais ser anunciada.
A G Magazine circulou entre 1997 e 2013 e foi um marco na cultura gay. Ela foi a primeira (e única praticamente) publicação a tirar a roupa de homens famosos, como já fazia a Playbou, desde décadas antes com as celebridades femininas.
Além da nudez, havia colunistas de direitos humanos, humor, cultura, noite, turismo e outros assuntos, que influenciaram milhares de gays pelo País.