Agnaldo Timóteo morre de covid. Sexualidade era tabu para ele

Cantor foi um dos mais celebrados do Brasil. Recentemente, admitiu ter tido 'experiências homossexuais'

Publicado em 03/04/2021
agnaldo timóteo gay
O de fato de ser gay ou não envolveu artista em polêmicas: 'Não sou assumido nem desassumido'

Morreu neste sábado 3, aos 84 anos, o cantor Agnaldo Timóteo.

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O artista estava internado no Hospital Casa São Bernardo, Zona Oeste do Rio de Janeiro, desde 17 de março, com covid-19.

No último dia 27, Agnaldo precisou ser intubado "para ser tratado de forma mais segura" contra a doença, segundo o boletim médico.

"É com imenso pesar que comunicamos o falecimento do nosso querido e amado Agnaldo Timóteo, que não resistiu às complicações decorrentes do covid-19 e faleceu hoje às 10:45. Temos a convicção que Timóteo deu o seu melhor para vencer essa batalha e a venceu! Agnaldo Timóteo viverá eternamente em nossos corações! A família agradece todo o apoio e profissionalismo da Rede Hospital Casa São Bernardo nessa batalha", disse a família, em nota.

O cantor, que era mineiro de Caratinga, tinha 61 anos de carreira, iniciados no Rio, em 1960.

Naquela década se tornou uma das vozes mais celebradas da música brasileira ao emplacar músicas como A Casa de Irene, Não Te Amo Mais, Aline e Mamãe, um de seus maiores sucessos.

Na política, Agnaldo teve mandatos como deputado federal na década de 1980 e novamente deputado federal e vereador, na década de 1990, Rio de Janeiro. Em 2004, foi eleito vereador por São Paulo e reeleito em 2008.

Na década passada, uma polêmica com a sexualidade do cantor tornou-se famosa. Ao entrevistá-lo no programa Superpop, da RedeTV!, o jornalista Felipeh Campos, que é gay assumido, se referiu a ambos como "homossexuais assumidos".

Rapidamente, Agnaldo o corrigiu: "Não sou assumido nem desassumido, sou Agnaldo Timóteo".

À Veja São Paulo, o artista comentou que Felipeh falou aquilo para provocá-lo. "Tive que administrar, porque quando vou à televisão tenho um cuidado muito grande para não ferir as pessoas do meu tempo", esclareceu.

Na mesma entrevista, Agnaldo, então com 75 anos, disse que havia tido experiências homossexuais quando criança com os primos e se mostrou contrário a gays e lésbicas que se beijavam em público.

"Isso é uma violência contra a família brasileira. Viva sua vida na intimidade ou em bares especializados nisso. Tem tanta boate LGBT por aí. Tanto lugar para se encontrarem", disse.

Somente em 2017, no documentário Eu, Pecador, de Nelson Hoineff, o cantor revelou ter tido experiências homossexuais já adulto. 

"Inicialmente, ele não queria falar sobre. Mas o convenci. Agnaldo é mais do que isso. Expliquei que falar sobre o assunto jamais seria algo prejudicial. E ele se abriu, contando até para qual pessoa determinadas músicas foram feitas", contou o cineasta ao R7.

O título do filme foi extraído de uma das músicas do cantor lançada em 1977 e sugere sentimento de culpa por causa de sua orientação sexual. 

Algumas outras canções de Agnaldo fazem alusão à sexualidade, como Passarela da Minha Vida, faixa inédita sobre um caso de amor que durou 20 anos, e Galeria do Amor, em referência à famosa boate Galeria Alaska, ícone da noite gay carioca nos anos 1970 e 1980.


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