'Tempero da Carne': Museu da Diversidade ganha nova exposição

Trabalho de Julio Leão foi inspirado em montagem do Balé da Cidade de São Paulo

Publicado em 15/10/2019
Tempero da Carne: exposição de Julio Leão fica em cartaz até janeiro de 2020 no Museu da Diversidade Sexual de São Paulo
Imagens da mostra foram escolhidas dentre os cliques com 57 pessoas de diferentes realidades

Abre no próximo dia 25, às 17h, uma nova exposição no Museu da Diversidade Sexual: é Tempero da Carne, de Julio Leão.

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A exposição integra a 3ª Mostra Diversa, que acontece a cada dois anos e tem como objetivo abrir espaço para novos artistas e suas propostas, novas experiências relacionadas à diversidade sexual, traçando um panorama atual da produção artística sobre a temática.

Tempero da Carne convida o público para uma viagem multisensorial por meio da variedade de corpos artistas e corpos (ainda) com tabus, e suas histórias, que passaram por momentos de troca e sensações, junto ao artista visual Julio Leão.

Com pessoas temperadas da cabeça aos pés com açafrão, colorau, curry, cravo, canela, louro, coentro, cominho, pimenta, páprica e noz moscada, e evidenciando os mais variados tons, aromas e sabores, o projeto artista faz uso da metáfora de que nosso corpo é a carne e os temperos são as camadas de sabor e realce.

Tempero da Carne: exposição no Museu da Diversidade Sexual conta com trabalhos de Julio Leão

Ao se inspirar na montagem coreográfica Canela Fina, de Caetano Soto, apresentada no Teatro Municipal de São Paulo, em 2008, pelo Balé da Cidade de São Paulo, e no entendimento sobre a forma de se interrrelacionar com o próprio corpo na dança e com as outras pessoas - um corpo político - o artista sentiu a necessidade de expressar poeticamente uma indagação sobre a pressão social de adequar-se aos moldes morais e conservadores, partindo da pesquisa dos movimentos e das sensações, com a fotografia e a memória corporal como matéria-prima.

Uma reflexão sobre o fato de estarmos expostos ao consumo para suprir uma fragilidade alheia, inibindo a expressão sincera de cada indivíduo. A obrigação de ser e viver em oposição ao que verdadeiramente somos, diante das diversas questões da autoimagem e da aceitação do próprio corpo. Por meio do confronto pessoal entre como a pessoa se identifica e o que ela expressa, é que a proposta do projeto se estabelece.

"Dia a dia temperamos nossa rotina, ideias e personalidade, camuflando o real sabor da nossa carne crua, em uma tentativa de tornar nossa existência palatável ao outro e nos afastando cada vez mais de quem somos", explica o artista.

"Muitos dos caminhos escolhidos podem subtrair nossos impulsos, oferecendo a ilusão de que assim iremos proteger nossa intimidade e identidade. Tempero da Carne é o que inventamos de nós mesmos para oferecermos aos outros."

Tempero da Carne: exposição no Museu da Diversidade Sexual conta com trabalhos de Julio Leão

Com o desejo de materializar tal invisibilidade, os corpos nus - sem pudores e interferências - Julio convidou até o momento 57 pessoas de diferentes realidades e características para participarem do ensaio fotográfico.

Destes ensaios, escolheu alguns para integrar sua exposição: Ikaro Kadoshi, Guilherme Loverbeck, Jheniffer Oliveira, Tiago Cintra, Naira Gascon, Rodrigo Mancusi e Bruna Pinheiro.

Julio Leão tem em seu histórico como artista experiências marcantes com a dança, o teatro e a fotografia. Desde 2012, utiliza a fotografia como forma de expressão e conexão entre linguagens artísticas, rendendo trabalhos que também propõem importantes reflexões sobre o modus operandi da vida contemporânea.

A exposição fica em cartaz de terça a domingo até 11 de janeiro. A entrada é gratuita. Mais informações estão em nossa Agenda clicando aqui.


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