Gays se casam e viajam para a morte de um deles. Entenda

O optometrista Alain du Chemin, de 50 anos, tem câncer terminal e planeja ir a clínica de suicídio assistido na Suíça

Publicado em 17/02/2021
casal gay morte assistida
Alain (dir.) e o marido, o analista de T.I. Paul Gazzard, 48, planejavam se casar há muito tempo, mas sempre adiavam

AVISO: Este texto pode gerar efeitos negativos em pessoas que estejam ou conheçam quem esteja enfrentando doenças graves ou tenham histórico de depressão.

No último domingo 14, Dia dos Namorados em boa parte do mundo, um casal gay oficializou sua união após 10 anos juntos e se preparam para fazer uma viagem para a morte.

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O optometrista Alain du Chemin, de 50 anos, tem câncer terminal e planeja ir à Dignitas, clínica de suicídio assistido na Suíça.

Portador de um tumor cerebral, descoberto em setembro de 2019, Alain já passou por quimioterapia, radioterapia e duas cirurgias. 

Seu caso não tem mais cura, mas ele se dispôs a fazer parte de um ensaio de pesquisa, com intuito de ajudar futuros pacientes com a doença. Por causa da pandemia, o estudo foi adiado por tempo indeterminado.

A ideia de buscar o suicídio assistido é de evitar as dores e outros sintomas ruins nos últimos momentos da doença.

"Não vou entrar em detalhes sobre quais são os sintomas conforme o tumor avança - mas eles não são agradáveis. E eles são bastante indignos para ser honesto. E essa palavra - dignidade - e perder toda a sua dignidade não é algo que eu queira passar", afirmou Alain ao jornal Mirror.

Alain e o marido, o analista de T.I. Paul Gazzard, 48, planejavam se casar há muito tempo, mas sempre adiavam. Veio a doença e logo depois a pandemia e a ideia, então, era esperar passar a quarentena para reunir todas as pessoas queridas.

Porém, a pandemia ainda está longe do fim e eles não quiseram mais adiar a cerimônia. Apenas dez amigos e familiares próximos participaram do evento, que foi transmitido para outras pessoas por meio do Zoom.

"Não estarei por aqui para sempre, mas realmente quero deixar Paul com algumas boas lembranças", diz Alain.

O casal, no entanto, encontrou um obstáculo à sua despedida final. Voos comerciais estão suspensos entre os países.

Eles resolveram fretar um jato particular. Com isso, os custos totais, que seriam de 10 mil libras (cerca de R$ 75 mil) passaram para 25 mil libras (cerca de R$ 187 mil).

"Eu realmente não quero ter que tirar minha própria vida de uma forma desagradável", afirma o optometrista.

Antes da pandemia, um britânico a cada oito dias buscava a clínica para seus momentos finais. A prática é legalizada na Suíça desde 1942.

Com a sua história, Alain pretende levantar o debate sobre a proibição do suicídio assistido no Reino Unido.

"Eu acho que o que está acontecendo no momento é realmente injusto”, diz. “Contanto que a lei tenha todas as salvaguardas necessárias, eu realmente acho que ela não deveria estar disponível apenas se você tiver uma quantia significativa de dinheiro."

"Não estou deprimido - tenho tido muita sorte em muitos aspectos e tenho um namorado e uma família adoráveis. Eu simplesmente não quero passar por efeitos colaterais realmente desagradáveis com meu marido e minha família tendo que assistir isso."

"Eu fiz todo o tratamento. Tenho tentado entrar em um ensaio de pesquisa porque a única coisa que eu realmente gostaria, se tivesse que falecer, é que isso fizesse parte de um ensaio de pesquisa que pode ajudar a encontrar uma cura para outra pessoa no futuro."

"Mas, infelizmente, nem isso está disponível para mim no momento. Portanto, as opções não são realmente boas."

ATENÇÃO: Se você ou alguém que você conheça pensa em suicídio, não hesite em ligar para o número 188 (gratuito para todo o Brasil) do Centro de Valorização da Vida (CVV). Também é possível acessar o chat www.cvv.org.br. Ambos disponíveis 24 horas por dia.


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