Começa neste sábado 31, na região central, a quarta edição do Festival Vórtice.
Com obras de 123 artistas de sete países, o evento é voltado para trabalhos que enfrentam resistência em outros espaços expositivos, seja pelo teor explícito ou pelas abordagens sujeitas à censura de curadores.
Diversas linguagens artísticas integram a mostra, tais como gravura, cinema, escultura, pintura, videoarte e fotografia.
A temática LGBT se faz presente em boa parte das obras desde a edição de estreia do festival.
Dentre os destaques deste ano estão o ativista russo exilado Slava Mogutin, o cineasta Marcelo Caetano (de Baby) e o brasiliense radicado nos Estados Unidos Fernando Carpaneda, um dos primeiros brasileiros a tratar sistematicamente de temas homoeróticos nas artes plásticas.
Alguns outros nomes com trabalhos expostos são Sidney Amaral (1973-2017), Fernanda d'Boer, Shirley Prado, Wasabi, Marina Luísa e o italiano Pietro Spirito.
"O Festival Vórtice nasceu do nosso desejo de criar um espaço de celebração e resistência, onde a arte erótica possa ser expressa sem medo ou censura. Acreditamos no poder transformador da arte e na importância de dar visibilidade a vozes diversas", explica Leonardo Maciel, um dos idealizadores do evento.
"Ao longo dos anos, tivemos a honra de apresentar obras que desafiam normas e procomovem o diálogo sobre identidade e liberdade. Os desafios são muitos, mas cada passo dado é uma vitória para a nossa missão de fortalecer o ecossistema cultural e promover a inclusão. Estamos ansiosos para continuar essa jornada e tocar ainda mais pessoas."
O outro curador do festival, Paulo Cibella, conta que desde o final do ano passado foi inciada uma ação de campo voltada à internacionalização de artistas com visitas a galerias, feiras, ateliês e colecionadores ao várias partes do mundo.
"A arte erótica brasileira precisa ser mais conhecida fora do país - e nossos talentos, mais valorizados. Por aqui, isso ainda é um desafio, diante do conservadorismo do mercado e das estruturas institucionais", afirma.
"Ao longo de três anos de projeto, já analisamos mais de mil portfólios, provando que não se trata de um nicho isolado, mas de uma verdadeira legião de artistas potentes, que merecem ser descobertos e acompanhados com seriedade. Com a 4ª edição do nosso festival, serão mais de 300 artistas que exploram poéticas da sexualidade participando de nossas exposições. Nosso objetivo é levar esse movimento ao mundo - e garantir que ele também tenha visibilidade no Brasil."
Como parte da programação paralela da exposição, serão oferecidas oficinas on-line voltadas ao desenvolvimento profissional de artistas, com temas como montagem de portfólio, estratégias para participação em editais, precificação de obras e orientações para a produção de exposições individuais.
Aos finais de semana, acontecem rodas de conversa sobre temas atuais e relevantes nas vivências de gays, como a redução de danos em práticas sexuais fetichistas, incluindo chemsex, bareback e fisting.
O festival conta com o patrocínio da ONG Impulse SP e apoio do Espaço República, FCK Party, KY Ultra e Clube Pantera, além do apoio institucional da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, que integra o evento em sua programação paralela.
O Vórtice é realizado neste sábado e domingo de 14h às 20h e depois de 2 a 29 junho, de segunda a domingo, das 10h às 19h, no Espaço República (Avenida São Luís, 86, próximo à estação República do metrô).
A classificação indicativa é de 18 anos a entrada custa 1 quilo de alimento não perecível ou R$ 15. Em ambos os casos, é necessário retirar ingresso antes pelo Sympla.
Às sextas, grupos naturistas poderão visitar a exposição mediante ingresso por R$ 30.