Há um novo surto de hepatite A em São Paulo e o grupo em que ele está concentrado é o de homens gays e bissexuais.
De janeiro a 15 de maio deste ano, foram registrados 353 casos da doença com três mortes.
Dados do Boletim Epidemiológico da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) mostram que 71,1% dos casos são em homens e 67,5% na faixa etária de 18 a 39 anos.
Em 2024, houve 618 casos e uma morte pela doença.
Para controlar o vírus, a Prefeitura de São Paulo liberou vacinação contra a hepatite A tanto para quem faz uso de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV quanto para todos os homens que fazem sexo com homens.
Necessário apontar que qualquer pessoa pode contrair o vírus, que é transmitido principalmente pela via oral-fecal. Em uma das formas, a pessoa contaminada expele o vírus nas fezes, que vai para o esgoto. Se houver falta de saneamento básico no local, o vírus estará presente na água, que se usará para beber ou lavar frutas e verduras.
O vírus também pode ser transmitido pela prática do rimming (lamber o ânus), também conhecido como cunete. É esta a maneira que mais contamina a comunidade gay.
Uma vez infectada, mesmo sem apresentar sintomas, a pessoa já pode contaminar o parceiro.
"A gente vê que esses surtos acontecem periodicamente, quando encontra-se ali na localidade, naquela cidade, por exemplo, um bolsão, um grupo de pessoas suscetíveis que acabou entrando numa rede de transmissão de hepatite A", explica o infectologista Rico Vasconcelos, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), ao Metrópoles.
"Esse surto aconteceu em São Paulo em 2018, aconteceu de novo ali em 2022, 2023 e agora em 2025 está acontecendo mais uma vez."
Neste ano, a Secretaria Municipal de Saúde aplicou 8.320 doses da vacina em adultos e 52.120 em crianças. Em 2024, foram 2.426 doses em adultos e 48.794 em crianças.
A hepatite afeta as células do fígado e pode causar febre, icterícia (olhos e pele amarelados) e colúria (escurecimento da urina), além de mal-estar, dor de cabeça, cansaço, náuseas e diarreia. Quem tem alguma imunodeficiência, como HIV, tem mais chances de desenvolver a forma crônica da doença.