Repórter da Globo Raquel Honorato fala por que se assumiu lésbica

Jornalista conta como lidou com a sexualidade com a família e no trabalho e da paixão recente por uma canadense

Publicado em 18/12/2020
Raquel Honorato: repórter lésbica fala da importância de se assumir
Em livro, jornalista vai falar do processo que ela viveu até estar bem com a própria homossexualidade 

Repórter da TV Globo em Brasília, Raquel Honorato falou da importância da visibilidade lésbica e que pretende escrever livro .

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A jornalista de 33 anos planeja contar sua história, que inclui a perda da mãe, na adolescência, a descoberta da sexualidade e os desafios da profissão.

"É um livro para inspirar as pessoas", adiantou Raquel ao UOL.

Natural de Resende, interior do Rio de Janeiro, a jornalista começou a carreira na Band, aos 22 anos. Aos 24, foi para a TV Rio Sul, afiliada da Globo. 

Ela diz que à epoca, não falava sobre sua homossexualidade. "Eu não queria falar da minha sexualidade, achava que como jornalista não tinha que falar sobre mim, que a notícia tinha que estar acima disso", lembra.

"Só que com o tempo você percebe que tem um custo, que assim nunca vai estreitar os laços, chamar para ir na casa, por exemplo. Aos poucos, eu fui contando para as pessoas mais próximas."

Ela diz que passou por várias fases, como muitos gays e lésbicas, de negação e de tentar namorar alguém do sexo oposto.

"Fiquei com uma menina pela primeira vez aos 20 anos e foi muito difícil. Eu vivi a negação, a fase da revolta, eu cheguei a iniciar um namoro com um cara, me dizendo que aquilo iria passar. Até finalmente chegar à aceitação. Meu primeiro namoro com uma mulher foi aos 21."

Já órfã de mãe, Raquel reuniu pai e três irmãos em Resende para contar sua sua sexualidade.

"Juntei todo mundo e falei: 'Então, gente, eu to namorando', e eles: 'Ah, Raquel, chamou todo mundo para dizer que está namorando?' E eu: 'E o meu namorado é uma mulher'", conta.

Dois dos irmãos reagiram bem e o mais velho ficou preocupado que Raquel fosse alvo de preconceito. O problema mesmo foi o pai, que não aceitou.

"Ele ficou muito sentido, dizia que eu poderia ter 'escolhido' outra coisa. Conversei muito com ele, perguntei quando ele havia escolhido ser heterossexual, disse que a sexualidade simplesmente se impõe. Foram dois anos muito difíceis até que ele aceitasse", relata.

"Ele me pediu perdão pelas coisas que havia dito e, hoje, abre a minha casa para qualquer pessoa que eu quiser levar."

 

Publicamente, Raquel se assumiu em agosto, com foto junto à namorada, que mora no Canadá. 

As reações dos seguidores foram positivas. "Pessoas me falaram que tinham medo de contar e que agora se sentiam encorajadas, isso é muito legal."

Ambas se conheceram pela internet, por meio de uma amiga em comum.

"Essa nossa amiga vivia me falando que queria nos apresentar e eu falava: 'Imagina! Não namoro a distância nem Rio-Resende', imagina alguém no Canadá! Mas aí começamos a nos falar em março, bem no início da quarentena." Resende é uma cidade fluminense.

"Quando eu vi, estava totalmente desesperada para encontrá-la. As fronteiras de lá estavam fechadas, mas a do Brasil estava aberta e ela veio me ver. Foi incrível, estamos namorando e estou muito apaixonada. Temos tudo diferente: a cultura, o idioma, mas, olha, o oposto também é muito bom. A nossa próxima previsão de estarmos juntas é em fevereiro", comemora.


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