Filme sobre 1ª mulher trans nas Forças Armadas estreia em SP

Documentário recupera história de Maria Luiza da Silva, que serviu na Base Aérea de Brasília

Publicado em 18/11/2020
Maria Luiza: primeira militar transexual do Brasil é tema de documentário que estreia nos cinemas
Maria Luiza foi aposentada em 2000 e nunca conseguir vestir farda feminina. Foto: Diego Bresani

A primeira mulher transexual a servir nas Forças Armadas Brasileiras (FAB) é tema de documentário que estreia nesta quinta-feira 19 em São Paulo.

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O longa Maria Luiza, de Marcelo Díaz, narra a trajetória de Maria Luiza da Silva, cabo da FAB por 22 anos e aposentada por invalidez após se assumir como transexual.

Os conflitos, as desilusões e as conquistas da militar são apresentados no filme, que investiga as razões dela ter sido impedida de exercer sua atividade militar como mecânica de aviação e realizar seu sonho, o de vestir a farda feminina.

"Há quase dez anos atrás, Maria Luiza me recebeu em seu apartamento no Cruzeiro, cidade-satélite de Brasília, de forma muito afetuosa. Ficamos horas conversando", relembra o diretor.

"Fiquei extremamente impactado pela história que ela me contou, desde sua vida pregressa em Ceres, interior de Goiás, seu sonho em trabalhar com aviação na FAB, até sua luta por continuar na Aeronáutica, como mulher trans, passando pelos bastidores da vida militar, o casamento, a filha e o processo de mudança de gênero."

Maria Luiza começou a servir aos 18 anos.na Base Aérea de Brasília. Enquanto servia, passou por inúmeras consultas com médicos e piscólogos da Aeronáutica após ter manifestado sua intenção de assumir trans. Em 1998, recebeu diagnóstico, e dois anos depois foi decidido que ela deveria se aposentar com metade do soldo que ela recebia na época.

Ela pediu ajuda ao Ministério Público, fez a cirurgia de transgenilização em 2005 e em 2007 alterou nome e gênero em seus documentos civis. Um ano depois, foi emitida sua nova identidade militar, como Cabo Maria Luiza, fato sem precedentes no País.

As filmagens duraram ao todo dois anos, em períodos espaçados. Foram inúmeros encontros com Maria Luiza, desde a fase de pesquisa até as filmagens.

"Ela é uma pessoa com uma vivência e força tão impressionantes e de uma simplicidade e profundidade inspiradoras que sempre dá vontade de estar por perto. Tenho certeza de que qualquer pessoa que tiver a oportunidade de ver o filme poderá sentir-se tocada pela história e pelo que simboliza para o tema da identidade de uma maneira mais ampla", conta Díaz.

A feitura do filme, que já foi exibido em festivais, ajudou conquista de Maria Luiza: em junho deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que ela deveria receber aposentadoria como suboficial e alegou que ela sofria discriminação. Ainda cabe recurso.

O longa entra em cartaz no Cinesec e as entradas são vendidas apenas on-line. Mais informações você tem em nossa Agenda clicando aqui.


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