Estreia: peça 'Uma Vida Boa' fala de assassinato de homem trans

História de Brendon Teena já rendeu o filme 'Meninos Não Choram' e tem Julianne Trevisol no elenco

Publicado em 05/04/2017
Uma Vida Boa: espetáculo sobre transexual Brendon Teena faz temporada no Teatro Eva Herz, em São Paulo
Julianne Trevisol, Amanda Mirásci e Daniel Chagas em cena. Fotos: Renato Mangolin

Uma história real chocante em relação à comunidade LGBT e que já rendeu dois filmes finalmente chega aos palcos de São Paulo.

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A partir desta quinta-feira 6, o Teatro Eva Herz recebe Uma Vida Boa, espetáculo de Rafael Primot e com direção de Diogo Liberano que estreou no Rio de Janeiro em 2014.

A montagem trata do drama de B., homem nascido em corpo de mulher que experencia a descoberta do amor, mas também a dor da intolerância. Seu assassinato, em 1993, nos Estados Unidos, foi retratado no documentário The Brandon Teena Story (2008) e em Meninos Não Choram (1999), que rendeu a Hillary Swank seu primeiro Oscar de melhor atriz. 

Amanda Mirásci, que vive o transexual e é idealizadora do projeto ao lado do ator Pablo Sanábio, conta que ficou impactada com a história da personagem e que para interpretá-la se debruçou em um longo e aprofundado estudo.

O livro Viagem Solitária, de João W. Nery, primeiro homem trans a se submeter a se submeter a uma cirurgia no País, foi uma de suas fontes. "Pude perceber como esse assunto ainda é desconhecido para muitas pessoas. Escutamos coisas como 'aquela menina que se veste de menino' ou 'aquele menino que finge que é menina', porém, não é nada disso. É um dilema humano e profundo, sobre uma pessoa que, de fato, sente e acredita ter nascido no corpo errado", explica Amanda.

Uma Vida Boa: história do transexual Brendon Teena ganha palcos de São Paulo com Julianne Trevisol e Amanda Mirásci

Para a criação da dramaturgia, Rafael Primot se baseou naquilo que foi publicado na imprensa na época da tragédia. No entanto, mais do que tentar ser fiel aos fatos, o dramaturgo esclarece: "Aroveitei situações reais, mas busquei criar uma nova narrativa a partir do real". Assim, em Uma Vida Boa, o que se apresenta é a mesma história, porém, por meio de uma cronologia descontinuada, que visa oferecer ao público deslocamentos entre o tempo presente e o fato ocorrido no passado.

É nesse universo que o diretor Diogo Liberano propõe o seguinte jogo de cena: "Na memória, encenamos o fato tal como ele aconteceu, logo, as personagens vivem aquela história sem possibilidade de modificá-la. Já no espaço da atualidade, flagramos estas personagens no tempo presente, reféns de alguma consciência crítica sobre os fatos do passado que, hoje, podem apenas ser lembrados. O espaço da memória só está vivo porque as personagens se lembram dessa história hoje, no mesmo tempo em que o público que vai ao teatro", explica.

Uma vida boa fez duas temporadas no Rio de 2014 e recebeu três indicações ao prêmio Cesgranrio 2015 (melhor texto para Primot, melhor atriz para Amanda e melhor iluminação para Daniela Sanchez) e duas indicações ao prêmio APTR 2015 (melhor atriz para Mirásci e melhor iluminação para Sanchez, categoria em que venceu).

No elenco do espetáculo ainda estão Daniel Chagas e Julianne Trevisol, conhecida por trabalhos na TV, como a novela Totalmente Demais (2015), da TV Globo. A temporada paulistana segue às quintas e sextas até 26 de maio. Mais informações - como horários e valores - você tem em nossa Agenda clicando aqui.

Uma Vida Boa: história do transexual Brendon Teena chega aos palcos de São Paulo

 


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