Uma das novidades deste mês na Netflix, a série Se Avexe Não conta com personagens LGBT e é calcada num humor sofrível e popularesco.
Praticamente a única qualidade da atração - roteirizada por Luciana Vieira, Wislan Esmeraldo e Victor Costa Lopes - é ser ambientada em Fortaleza, que mesmo sendo uma das maiores cidades brasileiras dificilmente é tema de produções que chegam ao restante do País.
Ainda assim, Se Avexe Não explora pouquíssimo a capital cearense com um único episódio na praia e mais algumas externas que poderiam ter sido gravadas em qualquer outro lugar.
Originalmente exibida pela TV Brasil em 2024, a série acompanha as desventuras de uma família maluca destinada a conviver sob o mesmo teto.
Selma (Juliana Maia) é a dona da casa, que é explorada em inúmeras funções na pousada em que trabalha e está começando um novo relacionamento lésbico - com Érica (Ana Luiza Rios).
Ela tem sua residência tomada pelo irmão golpista, Valdisney (Rafael Martins), que traz seus dois filhos adultos, Enzo (Lucas Cavalcante) e Silvanya (Bruna Pessoa).
Mãe de Selma e Valdisney, Divina (Fabíola Líper) foi vítima de um outro golpe, perdeu todo seu dinheiro e também se abriga na casa.
Estereótipo é a palavra-chave para compor os personagens. Valdisney podia ter saído de uma esquete sem graça de A Praça É Nossa, enquanto o filho gay, Enzo, de qualquer perfil de pretensos humoristas do Instagram.
Ambos os atores abusam de caras e bocas e seus textos limitados a tipos são maçantes e constrangedores.
A temática lésbica perpassa alguns episódios, em especial um em que várias amigas se reúnem na casa de Selma. Mais uma vez, lugares-comuns a respeito da homossexualidade feminina se multiplicam.
Se nada ali é profundo ou surge para discutir algum tópico, ao menos, a atração poderia divertir, afinal, trata-de se uma comédia. Mas o ato de mostrar os dentes é inglório e irrealizável.
Ao fim dos 10 episódios, Se Avexe Não deixa gosto amargo de tarefa não cumprida e se torna mais um número na extensa lista de produções cômicas sem comédia.
