Carol Duarte manda recado lindo a trans que se assumiu após novela

Ana Apocalypse, de 62 anos, falou que personagem Ivan, interpretado pela atriz, foi fundamental para ela

Publicado em 26/06/2020
Atriz Carol Duarte manda recada para transexual idosa Ana Apocalypse
Carol para Ana: "Você é a prova do quanto a vida pode ser bonita"

A atriz Carol Duarte disse estar muito feliz por seu personagem trans na novela A Força do Querer ter ajudado a motorista Ana Carolina Apocalypse, que viralizou nas redes sociais após mostrar sua transição já na terceira idade.

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Ana contou que sempre se percebeu menina, mas que a coragem pra se assumir transexual surgiu ao ver o processo de descoberta e libertação de Ivan, interpretado por Carol no folhetim escrito por Gloria Perez, em 2017. 

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Em entrevista ao Guia Gay São Paulo, Carol falou o que sentiu ao saber da importância da personagem feita por ela na vida de Ana, de 62 anos.

"Eu sinto uma alegria imensa. A novela já tem três anos, e de vez em quando recebo mensagens pelas redes sociais e ao vivo do quanto o Ivan foi importante para transição de tantas pessoas, ou para o reconhecimento de várias famílias. Eu confesso que fico muito emocionada", disse a atriz.

Carol afirma que tem muito orgulho de ter interpretado um transexual no programa mais visto da televisão brasileira, mas julga como contraditório o fato de Ivan ter sido tão bem recebido pelo público em um país ainda muito violento com LGBT.

"E agora com ascensão da extrema direita, o discurso e a barbárie estão ainda mais desvelados e postos em prática. É tempo de luta, de posicionamento, e a notícia da Ana foi um sopro de vida e liberdade", disse.

Perguntamos o que Carol diria para a Ana. Ela não economizou nas palavras, sugeriu leitura que fez para compor a personagem e afirmou que Ana é exemplo do quanto a vida pode ser livre e bela.

"Ana, li na época de pesquisa, uma autora fantástica chamada Judith Butler e me lembro dessa revolução do Ivan me tomar, de repente comecei a ver umas bolas de ferro que me prendiam, elas sempre me incomodaram, e surgiram perguntas 'o que é ser mulher, afinal?', 'o que é meu e o que me foi imposto?', 'será que poderia performar aquilo que desejasse?'.

Nesse processo de mergulho comecei a imaginar o Ivan, vislumbrei sua saga, então eu projetei um caminho contrário de construção de uma personagem, eu comecei pelo fim, porque o que eu mais sabia era quem era o Ivan, e a Ivana nasceu de várias camadas que a sociedade, que a família impôs ao Ivan, e ao longo dos 180 capítulos essas camadas foram despencando diante do público até o Ivan aparecer de braços abertos em cima de uma pedra, ali ele estava realizado.

Eu sabia que o Ivan ia chegar dentro de muitas casas, mas difícil, como atriz, dimensionar o que faria dentro das pessoas, quais sentimentos, quais disparadores viriam à tona.

Você é a prova do quanto a vida pode ser bonita, que sopro de vida exige coragem e beleza. São milhares de Anas e Ivans qiue estão por ai e devem ser respeitados e ter espaço na sociedade, porque a violência surge com muitas faces, a marginalidade, por exemplo.

Estou na luta com todxs que lutam pela liberdade de existir como bem entendem, porque 'a verdade é que nenhum de nós pode ser livre até que todos sejam livres' (Maya Angelou)."


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