Filme gay 'Verão de 85' mostra romance teen dramático

Longa de François Ozon chega aos cinemas após 12 indicações ao César

Publicado em 03/06/2021
Verão de 85: filme gay de François Ozon com Félix Lefebvre e Benjamin Voisin
Benjamin Voisin e Félix Lefebvre vivem amor inesquecível em verão na Normandia

Por Marcio Claesen

Chega aos cinemas nesta quinta-feira 3 o drama teen Verão de 85, de François Ozon.

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O longa. indicado a 12 prêmios César - tido como o Oscar francês - tem alguns ingredientes que chamam atenção do público gay, e outros que talvez o repilam.

A história se passa em dois tempos. No passado, vemos o desenrolar de uma excitante paixão. No presente, sabe-se que algo deu muito errado.

E aí, bem de princípio, já se tem algo que pode afastar uma parte da audiência. Possivelmente desde O Segredo de Brokeback Mountain (2005) e reafirmado por Me Chame pelo Seu Nome (2017), romances gays com finais tristes criaram uma resistência no público.

Não é incomum ver usuários das redes sociais reclamando de tramas homossexuais em que o amor não vence, que deixa protagonistas solitários e amargurados, como um atestado de que gays e bissexuais masculinos jamais serão felizes com outro homem.

Alexis (Félix Lefebvre) inicia o enredo já dando spoiler de que o relacionamento não acabou bem. Ainda que Ozon não enverede completamente pelo thriller, o cineasta cria uma narrativa em que o mistério sobre o que afinal o jovem de 16 anos cometeu é o eixo central do longa.

Verão de 85: filme gay de François Ozon com Félix Lefebvre e Benjamin Voisin

Na ensolarada região francesa da Normandia, Alexis é salvo de um naufrágio, quando velejava sozinho, pelo destemido David (Benjamin Voisin). Troque o cavalo branco por um barco à vela e tem-se cena clássica de um jovem vislumbrando seu primeiro amor.

Viril, determinado e encantador, David, de 18 anos, fascina o rapaz. E a atração é mútua, como nenhum dos dois faz muita questão de esconder. Alexis ganha, ao mesmo tempo, o amigo de seus sonhos e a inédita experiência de um romance juvenil.

As barreiras que Ozon cria - ele também é autor do roteiro, adaptado do livro Dance on My Grave (Dance na minha cova), de Aidan Chambers - fogem do usual preconceito familiar e da sociedade. 

Vale destacar a mãe de David, em mais uma atuação primorosa de Valeria Bruni Tedeschi. Da euforia ao rancor, a atriz - que já havia brilhado em O Amor em  5 Tempos (2004), do mesmo cineasta - mostra um pouco de sua cartela infindável de habilidades ao compor uma mãe que corrobora com o estilo de vida que o rapaz escolheu - e não se fala aqui da orientação sexual, já que por esta não se opta.

Verão de 85: Félix Lefebvre, Benjamin Voisin e Valeria Bruni Tedeschi

Se pontos principais da história do casal perpassam por mal-sucedidos passeios no mar, é impossível não remeter a O Talentoso Ripley (1998), de Anthony Minghella, que também abarca o já mencionado gênero thriller e a bissexualidade como elementos importantes da produção.

Por fim, com histórico de belos atores em seus elencos, o diretor não decepciona neste quesito. Lefebvre e Voisin têm química juntos e as cenas ficam ainda mais fluidas quando seus corpos se tocam ou seus rostos se entreolham. 

Alexis tem um certo encantamento pela morte, sofre em silêncio. David irradia luz, não esconde seus desejos. Em meio a esses contrastes, o primeiro aprende que liberdade e prisão podem ser conceitos muito mais próximos do que imaginava.

 

 

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