Nova adaptação da obra de Oscar Wilde fala do jovem aristocrata Lorde Henry, que faz um pacto no qual troca a sua alma pela perspectiva de manter intactas suas beleza e juventude.
Eis que então seu retrato passa a envelhecer em seu lugar e também a colecionar as marcas de seus atos questionáveis.
Essa nova versão, com roteiro assinado pelo ator e jornalista Cica Moura, foca nas relações homossexuais entre os personagens, apenas sugeridas no texto original.
"Acho importante que mais de 100 anos depois O Retrato de Dorian Gray possa ser representado como não poderia na época de seu lançamento; um trágico triângulo amoroso entre três homens”, aponta o autor.
"Muitas pessoas ainda acreditam na não-existência de pessoas LGBTQIAP+ no passado, por conta do silenciando e apagamento desse tipo de narrativa. Tiramos os personagens de Oscar Wilde do armário como forma de mostrar que sim, nós sempre existimos e não, não vamos a lugar algum!"
O espetáculo marca a estreia de Henrique Caetano Prado nos palcos, no papel do protagonista.
"Para muitas pessoas LGBTQIAP+, principalmente homens gays, O Retrato de Dorian Gray ocupa um lugar como primeiro clássico a tratar do tema da homossexualidade”, aponta o ator de 28 anos.
"Acho que essa historia é mais relevante hoje do que ela já foi nas últimas décadas. A gente vive a era da rede social, do individualismo, do hedonismo, e o Dorian é a versão vitoriana escancarada disso."
Para o diretor Rafael Pucca, a "obra de Oscar Wilde se mantém cada vez mais atual e parece que será atemporal, pois a eterna juventude e beleza idealizada nunca foram tão desejadas, principalmente com a febre das redes sociais, que nos torna ainda mais escravizados à nossa própria imagem reproduzida nas telas”.
Adaptação de texto: Cica Moura. Direção: Rafael Pucca. Com Cica Moura, Dayzon Nascimento, Henrique Caetano Prado e Júlia Almeida. Direção de Movimento: Suellen Margato. Produção: Suellen Margato e Cica Moura. Design de luz: Luís Felipe Falcão Franco. Trilha original: Giovana Cirne e Diego Rodda. Contrarregragem: Shary Herrera. Fotos: Diego Fernandez. Realização: Má Companhia de Teatro Paulista. 90 minutos. Classificação: 16 anos.