Travestis e transexuais não carregam a própria bandeira na parada

Maioria de quem levantou o símbolo no início da marcha era cisgênero

Publicado em 29/05/2016
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Essa foi a primeira vez que a parada teve a bandeira nas cores azul, branca e rosa

"Elas não estão aqui. Estão de salto por aí. Não vêm ajudar mesmo. E depois ainda reclamam". A fala é da coordenadora de Travestis e Transexuais da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, Adriana Silva, sobre o fato de poucas e poucos trans segurarem a enorme bandeira do segmento que veio logo atrás do primeiro trio na marcha, realizada no domingo 29. 

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A falta é notada principalmente por a Lei João W. Nery, a lei de identidade de gênero, ser o tema da 20ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, e por a bandeira com as cores azul, branca e rosa ser inédita. A ideia da organização foi dar visibilidade ao segmento e às suas demandas. 

A reportagem acompanhou a bandeira pela primeira meia hora da caminhada, iniciada por volta de 13h40. Adriana não largou a bandeira por nenhum momento. Nesse período, batalhão de fotógrafos e cinegrafistas estavam na parte traseira do trio de abertura para justamente registrar a bandeira trans. 

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Na parte da frente da bandeira, havia mutias pessoas, maioria de jovens. Da metade para trás, poucas. Por conta disso, não era raro a essa parte tocar o chão. A reportagem perguntou a identidade de gênero de cerca de 20 participantes do evento que estavam embaixo da bandeira, apenas duas não eram cisgêneros. 

A alguns passos depois da flâmula, grupo de cerca de 15 homens trans e de pessoas não-binárias seguravam cartazes a favor do nome social, contra a discriminação que afeta trans e reforçando a existência de pessoas que não se encaixam nem no gênero masculino nem no feminino. 

Próximo daí, a trans Jaqueline Bianchinne soube citar corretamente as três cores do símbolo do segmento. Perguntada sobre por que não estava ajudando a levantar a bandeira, demonstrou-se aberta à possibilidade. "Onde está? Ali na frente? Ah, posso ajudar sim." 

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Coordenadora de Travestis e Transexuais da parada, Adriana Silva, segura a bandeira

Um pouco mais afastadas, as amigas Pâmela Rios e Eduarda Oliveira, ambas trans, não souberam citar quais eram as cores do símbolo do segmento. 

Em poucos minutos, surgiu o Trio da Visibilidade Trans, relativamente vazio. O número de figuras masculinas e femininas era aproximado. A diferença é que elas, quase na totalidade, estavam com fantasia e ornamentos brilhantes. 


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