Encenado dentro de uma quitinete próxima à Praça da Sé, espetáculo mostra embate entre Marcos e Felipe, casal que, após 10 anos, se vê diante de destinos desencontrados.
A peça atravessa temas urgentes: machismo estrutural, abuso, codependência, violência, suicídio, a precariedade das artes e os bastidores da produção de conteúdo adulto. Mas, no centro, está a pergunta sobre os alicerces do amor. Afinal, em uma relação gay – como em qualquer outra – o que sustenta dois corpos que dividem o mesmo teto e os mesmos sonhos? E quando o amor não basta?
Restrita a apenas 20 espectadores por sessão, a plateia compartilha o mesmo espaço que os atores, como se presenciasse de perto uma DR que, embora particular, ecoa dores e afetos de tantas outras relações gays.
O que me chamou atenção no texto do Angelo é o fato da crise do casal não ser disparada pela falta de amor, desejo ou sexo – o que é comum em muitas histórias gays – mas pela insatisfação pessoal de um dos personagens com os rumos da própria vida. Só o amor não basta. A peça reforça uma impressão minha de que sem companheirismo, renúncia, tolerância e aceitação, não é possível sustentar uma relação gay hoje”, afirma Rodolfo Lima, que já dirigiu trabalhos como Réquiem para um Rapaz Triste, inspirado em Caio Fernando Abreu, e Bicha Oca, baseado em textos de Marcelino Freire.
Texto: Angelo Mendes Corrêa. Direção: Rodolfo Lima. Codireção: Amanda Steinbach. Com Marcio Louzada e Rodolfo Lima. Visagismo: Jeff Celophane. Design de luz: Paulo Maeda. Diagramação: Betinho Neto. Assessoria de imprensa: Nossa Senhora da Pauta. Fotos: Chico Castro e Gabriel Lage. 60 minutos. Classificação: 16 anos.
Endereço da apresentação é passado para o espectador um dia antes da sessão.
O local não conta com acesso a cadeirantes ou para pessoas com dificuldade de locomoção.