Registro sobre noite gay, 'São Paulo em Hi-Fi' chega aos cinemas

Documentário de Lufe Steffen traz imagens e entrevistas com quem fez ou conheceu a vida arco-íris na cidade entre 1960 e 1990

Publicado em 20/05/2016
Filme São Paulo em Hi-Fi fala da noite gay da cidade, de Lufe Steffen
As primórdios da noite gay paulistana são resgatados no longa de Lufe Steffen

São Paulo é dona de um dos maiores roteiros LGBT do mundo. Hoje são cerca de 120 locais! E esse gigantismo tem história! Um dos resgates de melhor elaboração a respeito dos primeiros brilhos e agitos dessa trajetória ganhou as telas do cinema. Está-se falando de São Paulo em Hi-Fi, longa-metragem de Lufe Steffen.

Documento histórico sobre a noite arco-íris paulistana, o filme tanto recupera imagens de alguns dos primeiros endereços destinados a LGBT na cidade quanto realiza entrevistas com quem viveu e protagonizou as efervescentes décadas de 1960, 1970 e 1980.

Das escadas rolantes da Galeria Metrópole, na Avenida São Luís - onde o flerte entre os homens podia rolar nos anos 1960 -, ao primeiro after hour da cidade - o inferninho Val Improviso (eternizado na canção Só as Mães São Felizes, de Cazuza). Há toda essa pulsação fundadora no documentário.

As boates mais glamourosas da época ganham destaque na pordução, que em muitas vezes nos mostra como somos criadores de uma cultura. Acompanha-se o auge e o fim da Homo Sapiens (conhecida como HS), Nostro Mondo, Corintho e Medieval, onde Wilza Carla chegou montada em um elefante real em plena Rua Augusta. As duas últimas foram da mesma proprietária, Elisa Mascaro, que dá depoimento emocionante no filme.

A discriminação não ficou de fora. Em plena ditadura militar, gays, lésbicas e travestis eram perseguidos pelo delegado Wilson Richetti, que tocava o terror nas regiões que concentravam esse público. Daí nasceu a primeira manifestação ativista LGBT da cidade.

Lufe conta que a ideia do longa surgiu quando dirigia A Volta da Pauliceia Desvairada (2012), seu documentário anterior, que trata da noite gay desta década. “Ao realizar o filme, sentia vontade de encontrar o complemento dele, ou seja, investigar como havia sido a noite do passado, que desembocou na noite atual”, explica.

E qual a maior diferença entre aquele início e os dias atuais? “Sair à noite era algo chique, um evento cercado de códigos e pompa, e transformou-se, há um tempo, em algo corriqueiro, banal, cotidiano, quase sem diferença entre dia e noite. Ou seja, a noite se popularizou, se modernizou e, de certa forma, se banalizou."

Veja os horários de exibição do longa em nossa Agenda.

Documentário São Paulo em Hi-Fi mostra noite gay de São Paulo nos anos 1960, 1970 e 1980

 


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