21ª Parada LGBT de São Paulo colore-se como nunca abraçada por empresas

Com 3 milhões de pessoas, evento consolidou a força de Tchaka, Daniela Mercury e Anitta e deu espaço a segmentos, como de ursos e transexuais

Publicado em 18/06/2017
21 parada lgbt 2017 são paulo
Paulista tomada por participantes em parada com muito arco-íris (Cesar Itiberê/FotosPúblicas)

Por Marcio Claesen e Welton Trindade

Com o tema "Independente de nossas crenças, nenhuma religião é lei. Todos e todas pelo Estado laico", a 21ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo desfilou pela Avenida Paulista neste domingo 18. E nao foi qualquer caminhada! Foi uma super união entre música, animação e consciência para mais cidadania! 

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A concentração começou às 10h. Os discursos no trio de abertura ganharam os microfones às 12h15, mas foi só mesmo às 13h20 que a marcha entreou em movimento. Tudo aí apresentado por Tchaka, que se firmou definitivamente como a grande voz e mestre de cerimônias do evento. Não é à toa que seu codinome é "Rainha".

Articulada e divertida, a artista puxou coros de "Fora Temer" - menores que em 2016 - e se posicionou pelo fim da bancada ruralista do Congresso Nacional, além de atacar o machismo, a homofobia e laicicidade inexistente dos deputados federais.

O carro de abertura teve falas ainda do vereador Eduardo Suplicy (PT), da presidente da APOGLBT (que organiza a parada), Claudia Regina Santos Garcia, que destacou a força do público, e da apresentadora Fernanda Lima. "Sejam quem vocês quiserem ser desde que dentro da lei", gritou Fernanda, que ressaltou o entusiamo, a esperança e a importância da representatividade do evento.

21º Parada do Orgulho LGBT de São Paulo
Trio da Skol, com Daniela Mercury, teve uma das melhores produções. Foto: Elaine Oliveira

Daniela Mercury foi outro grande destaque da tarde. Atração principal do trio da Skol, a baiana declarou seu amor por São Paulo e disse que se sente parte da família dos paulistanos. "Foi díficil trazer o axé para o Brasil e foi muito difícil dizer que sou casada com uma mulher", declarou a cantora, sob aplausos ensandecidos da avenida. A baiana ainda ressaltou como foi importante uma artista de seu porte se posicionar para naturalizar as relações homossexuais. 

Outra atração bastante aguardada, o carro da Uber, passou com uma decoração pobre e puxou, dentre os 19 carros, o maior número de pessoas atrás de si. As atrações musicais se dividiram, o que pode ter frustrado muitos. Para ver Anitta ou Pabllo Vittar, por exemplo, era preciso estar na primeira parte do desfile - antes do Masp. Dali em diante, era Márcia Freire quem comandava o microfone. Em sua substituição, na Rua da Consolação, veio Nayara Azevedo.

Vale o destaque ainda para o segundo carro, Mães pela Diversidade, e os mamulengos que o acompanhavam no chão, o trio sobre conscientização e prevenção da aids - com a doença escrita em caixa alta em camisetas dos presentes formando um arco-íris e o Esquadrão das Drags em destaque, mais belas do que nunca - e o do filme Divinas Divas, que trazia Rogéria, Jane Di Castro e Leandra Leal, dentre outros. 

As bandeiras arco-íris, era notável, apareceram muito mais que nos anos anteriores. E estavam em fachadas de lanchonetes e até em faixa de pedestres. As flâmulas trans já se naturalizaram e mostraram a força do segmento na agenda política atual do movimento. Doritos inundou a Avenida Paulista com sua versão colorida e distribuída de forma gratuita. Entretanto, o que era para ser um souvenir da marcha, a lata arco-íris da Skol, não foi vista pela nossa reportagem em todo o trajeto. Uma compensação: as coroas em homenagem a LGBT da rede de lanchonetes Burger King comporam o figurino de milhares. 

Trios davam visibilidade a segmentos dentre da diversidade LGBT. Aí estiveram o de gays e homens bissexuais - com grupo trans e de ursos -, o de lésbicas e mulheres bissexuais, e o de pessoas trans. A famosa sacada do Conjunto Nacional foi tomada pelas cores da bandeira bissexual em balões. Para completar, a Avenida Paulista estava tomada em todas as duas vias de forma não vista nas edições mais recentes. Nossa reportagem posicionada no 10º trio não presenciou nenhuma briga em todo trajeto. 

Deve-se elogiar ainda o antepenúltimo trio, dos Artistas da Noite. Importantíssimo celebrar nomes como Kaká di Polly, Salete Campari, Miss Biá e Silvetty Montilla, dentre outros, que enobrecem a arte drag e do transformismo pelo Brasil. Pena que havia poucas delas ali. 

Era nítido que a Paulista estava muito mais cheia do que nos anos anteriores. A organização do evento divulgou que a previsão de reunir 3 milhões de pessoas foi confirmada.

 

 

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