Prefeito gay muda jogo político no RN e vira alvo de cassação

Filiado ao Psol, Oton Mário diz que cortou privilégios de servidores

Publicado em 20/08/2018
Prefeito gay de Jaçanã (RN) é alvo de impeachment. Foto: Canindé Soares/Folhapress
'Sei que não fiz nada de errado', diz prefeito. Foto: Canindé Soares/Folhapress

Homossexual assumido, o prefeito Oton Mário de Araújo Costa, de 43 anos, de Jaçanã (a 150 Km de Natal), enfrentou preconceito durante a campanha e agora, depois de eleito, é alvo de processo de cassação.

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Filiado ao Psol, Oton diz que usaram de sua orientação sexual para lhe denegrir antes das urnas. "Ah, quem vai ser a primeira-dama?", diz sobre questões que rondavam a cidade. "É porque não tinham nada contra minha índole", afirmou à Folha de S. Paulo.

Ele afirma que não sabe se fará campanha para Guilherme Boulos (candidato à Presidência pela sua sigla). Entrou para o Psol mais por causa da identificação com algumas bandeiras, como a causa LGBT.

Se antes foi a homossexualidade, agora é a quebra de privilégios que a classe política tinha e que ele diz estar minando que o fizeram ir para o olho do furação. A Câmara de Vereadores abriu (por seis votos a três) processo de impeachment contra Oton.

"Não aceitam terem perdido para alguém sem tradição", conta. O prefeito diz que suspendeu privilégios como o direito de cada vereador de nomear três servidores no município. "Eles tinham auxílio-medicamento, acesso livre ao posto de gasolina. Abasteciam e a conta vinha para cá, sendo que a Câmara tem recursos", disse à reportagem.

Ele também fez uma varredura contra funcionários fantasmas. "Tinha mais de 30 apadrinhados. Até gente que mora em São Paulo e recebia salário."

Segundo a Folha, a prefeitura da cidade estava nas mãos dos mesmos grupos há 50 anos.

O impeachment baseia-se em uma série de problemas de ordem administrativa, como irregularidades em licitações e em compras da prefeitura. Oton contestou as acusações no microfone da Câmara e por escrito.

"Sei que eu não fiz nada errado", diz. “Se tem algum erro, foi feito por pessoas ligadas a mim e por ingenuidade. Não foi para desviar recursos, para enriquecimento ilícito." Ele sustenta que os fatos poderiam ser investigados em uma CPI, sem apelar direto à cassação, que "é coisa muito séria".

Desde que foi eleito, na eleição de 2016, Oton cercou-se de muitos ex-alunos (jovens, em torno de 30 anos) como secretários e em vez de ouvir outros prefeitos, preferiu escutar os 8 mil habitantes da cidade. Dentre os feitos cita contratação de médicos, climatização de salas de aula, operação tapa-buraco, revitalização de praças e reforma de calçamentos e do mercado público.


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